Farm lança cupom com nome de Kathlen e mostra insensibilidade com a morte da jovem

Farm lança cupom com nome de Kathlen e mostra insensibilidade com a morte da jovem

Um dia após a morte de Kathlen Romeu, a grávida baleada em uma ação policial em Lins de Vasconcelos, a grife de roupas Farm fez uma publicação no Instagram lamentando a morte da jovem, que era funcionária de uma das lojas da marca. No entanto, o post recebeu muitas críticas por apresentar um código de desconto com o nome de Kathlen, que ao ser usado, reverteria o valor da venda para a família da vítima.

O texto, que devia prestar condolências aos familiares e amigos, terminava dizendo “A partir de hoje, toda a venda feita no código de Kathlen – E957 – terá sua comissão revertida em apoio para sua família, reforçando que nós também vamos apoiá-la de forma independente e paralela. Sabemos que nada que fizermos poderá trazer Kath de volta mas nos comprometemos a acelerar ainda mais nossos processos de inclusão e equidade racial para transformar as cruéis estatísticas que levam vidas jovens negras como a de Kath a cada 23 minutos no nosso país. As vidas de Kath e seu bebê importam. Vidas negras importam. Aqui, hoje, sempre. Transformar é urgente”.

Os usuários de redes sociais se revoltaram e acusaram a Farm de se aproveitar da morte da jovem para lucrar. Em meio aos milhares de comentários, estava o da criadora de conteúdo Nath Finanças, reforçando que apesar de parte da comissão da venda ir para os vendedores, a empresa também estaria lucrando com a ação.

No dia em que Kathlen morreu junto de seu bebê em gestação, as ações do Grupo Soma, dono da Farm, cresceram 1,08% na Bolsa de Valores de São Paulo. No primeiro trimestre de 2021, a holding do mundo da moda lucrou R$ 14,9 milhões. Mas parece que é necessário, acima de todas as coisas, lucrar ainda mais com a morte de duas pessoas.

Outros comentários também expressavam indignação e destacavam a tentativa da marca em ganhar com o assassinato. “É mais um corpo negro, é mais uma mãe preta que morre no país e a forma que ‘vcs’ usam pra ajudar é se promovendo?”, declarou uma conta. Outro perfil também comentou sobre o caso “Ou seja, a Kathlen vai continuar gerando lucro pra vocês até depois de assassinada?”.

Após a chuva de acusações e críticas, a Farm fez outra publicação ontem (9) se desculpando por promover o código de desconto com o nome de Kathlen e informando que ele já estava fora do ar. Apesar da retratação, outros milhares de comentários de pessoas revoltadas com a atitude da marca foram deixados no post. Leia o texto do post na íntegra:

“A Farm vem a público se desculpar pela ação que envolveu o uso do código de vendedora de Kathlen Romeu nesse momento tão difícil. Com vocês, entendemos a gravidade do que representou esse ato, por isso, retiramos o código E957 do ar. Continuaremos dando o apoio e suporte à família, como fizemos desde o primeiro momento em que recebemos a notícia”.

Porém, nos comentários, o recuo da Farm não foi visto como suficiente para reparar o dano da ação mal estipulada na visão dos internautas. “Vender ganhando em cima de uma morte não é erro, é mal caratismo capitalista”, sintetizou uma usuária da rede social. “Suporte como? Pode divulgar, a gente quer saber!”, escreveu outra. “Se retratem dando o valor angariado por ela pra família!! Isso sim seria o certo”, disse outra.

“Gente, na moral, vocês tão errando tem é tempo bagarai, hein? num é erro não é comodismo, é conveniência. o que vocês já pagaram e anunciaram de workshop, consultoria e o escambau de *diversidade* desde 2014 pra chegar nesse momento da cidade, do país e do mundo com uma calhordice dessas não é erro não, é cinismo e certeza de privilégio inabalável”, escreveu uma usuária do Instagram.

Por fim, a Farm reafirmou que olha com consciência a sua função social em termos de redução de desigualdades e seguirá acelerando todos os seus programas de inclusão e equidade. E que agora o momento é de luto e acolhimento.