O novo parâmetro da Fórmula 1 se chama Lewis Hamilton

Na manhã do último domingo (25), o inglês Lewis Hamilton, da Mercedes, escreveu mais um capítulo da história da Fórmula 1. Ele venceu o GP de Portugal, em Portimão, e chegou à 92ª vitória na carreira, se tornando o piloto com maior número de conquistas na categoria. A marca anterior era do alemão Michael Schumacher, com 91 provas vencidas.

A conquista histórica foi tranquila. Na verdade, apesar de largar na pole position, Hamilton só teve dificuldades nas primeiras voltas, até aquecer os pneus médios. Ele foi ultrapassado por Bottas e por Carlos Sainz Jr. O piloto espanhol da McLaren liderou a prova por algumas voltas. Mas, logo na sequência, a dupla da Mercedes fez prevalecer o melhor carro e passou à frente. Na volta 20, das 54 previstas, Hamilton já era o líder. A partir daí, seguiu sem problemas para confirmar a vitória emblemática.

Essa foi a oitava conquista do piloto britânico em 12 provas no ano. Agora, na temporada, Hamilton tem 256 pontos. São 77 de vantagem para o vice-líder, Valtteri Bottas, que tem 179. Sendo assim, o inglês pode se tornar heptacampeão mundial daqui a duas provas, na Turquia. Max Verstappen, da RBR, fechou o pódio, em terceiro.

(Foto Getty Images)

Hamilton também já é o recordista de pole positions, de pódios, de pontos, de quilômetros na liderança... e dia a dia vêm reescrevendo histórias novas.

O grande recorde que ainda falta a Hamilton, mas que ele deve igualar em breve é o de sete títulos mundiais, hoje pertencente apenas a Schumacher. O hexacampeão completará 36 anos em Janeiro e, caso renove contrato com a Mercedes, tem tudo para se tornar o único recordista.

Com 35 anos, Lewis Hamilton é o sétimo piloto que mais disputou corridas na F1, com 262. O recordista é Kimi Raikkonen, que ainda está em atividade aos 41 anos, com 325. Com 63 corridas de déficit, o que equivale praticamente ao número de três temporadas, Hamilton teria de estender bastante a sua carreira depois que o finlandês parar de correr para ter chances de quebrar mais essa marca.

Por 18 vezes na carreira, ele também fez o "Hat Trick", ou seja, fazer num mesmo GP a pole position, a volta mais rápida e conquistar a vitória. O recordista na estatística é Michael Schumacher, com 22. Em 2020, já conseguiu por três vezes o "hat trick", nos GPs da Hungria, Toscana e Portugal.

Já em um termo menos conhecido, o "Grand Chelem", usado na Fórmula 1 para definir uma "corrida perfeita", com pole, volta mais rápida e vitória de ponta a ponta, Hamilton é o vice-líder, tendo feito o "Grand Chelem" em seis ocasiões. O recorde pertence a Jim Clark desde a década de 1960, com oito. Na temporada deste ano, apesar do grande domínio, Hamilton ainda não conseguiu nenhum "Grand Chelem".

A melhor marca de primeiras filas consecutivas pertence a Ayrton Senna, com 24, entre 1988 e 1989, e o inglês chegou no último GP de Portugal a 11 primeiras filas seguidas, todas na temporada deste ano. Diante disso, o piloto da Mercedes teria de largar na fila por mais 15 vezes seguidas para bater a marca. Ou então começar tudo de novo.

Sua marca de vitórias seguidas são hoje de no máximo cinco, e o recordista é Sebastian Vettel, com nove, em 2013. Em 2020, apesar da liderança folgada na tabela, Lewis "só" conseguiu ganhar três provas seguidas e, no momento, está numa sequência de duas vitórias. Ou seja, para bater a marca de Vettel terá de vencer mais oito provas seguidas. Ou iniciar uma nova sequência.

Lewis Hamilton já venceu 11 corridas nas temporadas de 2014, 2015, 2016, 2018 e 2019, mas ele ainda não alcançou as 13 vitórias num só ano como Michael Schumacher (2004) e Sebastian Vettel (2013). Com oito vitórias em 2020, o inglês poderá até empatar com os dois no recorde caso vença as cinco corridas restantes deste ano. Para bater a marca, vai precisar de outras tentativas.

(Foto Getty Images)

O atual chefe da Mercedes, Toto Wolff, insinuou brincando que terá que vender a fábrica da equipe de Fórmula 1 para manter Lewis Hamilton depois de o britânico conquistar a marca histórica e virar o parâmetro do mundo do automobilismo .

O piloto estará sem contrato no final do ano, altura em que o piloto de 35 anos provavelmente terá igualado um recorde com a conquista de um sétimo campeonato e estará entre os mais bem-sucedidos da história do esporte.

Hamilton e Wolff ainda precisam acertar os detalhes de um novo acordo em meio a uma temporada interrompida pela pandemia de COVID-19, mas o tempo urge.

"É imenso. Temos que vender muito inventário. Vender um contrato de arrendamento dos edifícios e simplesmente arranjar o dinheiro", disse Wolff quando indagado sobre as implicações contratuais do recorde.

Resumindo tudo, se as 91 vitórias de Michael Schumacher chegaram a parecer uma meta impossível, agora é provável que Hamilton vá além do número 100, e um oitavo título tampouco pertence ao reino da fantasia.

"Em 10 ou 20 anos, olharemos para trás e realmente reconheceremos que piloto especial ele foi", finaliza Wolff.

Já a Mercedes está prestes a se tornar a primeira equipe a conquistar sete títulos sucessivos do Mundial de Construtores.