A arte política e o ativismo social de Ai Weiwei - THE GAME

A arte política e o ativismo social de Ai Weiwei

Ditadura, refugiados e direitos sociais. Impossível separar a obra de Ai Weiwei das questões urgentes que a sociedade, desde seu nascimento, vive. Ah, deixe eu te apresentar, caso você não o conheça!

Ai Weiwei é um artista chinês, designer arquitetônico, artista plástico, pintor, comentarista e ativista social. E hoje, é um dos artistas contemporâneos mais renomados e um ativista, amplamente reconhecido por sua luta pela democracia e pela igualdade. 

Sua trajetória na arquitetura já era impressionante. Ele foi o assessor artístico da construção do Estádio Nacional de Pequim, mais conhecido como "Ninho do Pássaro", palco dos Jogos Olímpicos de 2008. Na sequência, ingressou no universo das artes, com produções para lá de criativas. 

(Estádio Nacional da China - Foto Getty Images)

Sua obra encanta pela proposta, pela irreverência e pela sintonia com as mais importantes reflexões da atualidade. E, também, em muitos casos, chama a atenção pelas dimensões e complexidade.

Um bom exemplo disso é a obra "Straight". Em 2008, todas as crianças de uma escola em Sichuan morreram após um terremoto porque a estrutura da construção tinha sido feita com materiais precários. Esse trágico acontecimento fez com que Weiwei liderasse uma equipe para pesquisar e filmar as condições pós-terremoto para descobrir a quantidade de mortos, assim como os nomes das crianças. Na China, esse assunto considerado como segredo de estado. Ele não se intimidou. Conseguiu as informações e divulgou mundialmente. Além disso, comprou todos os ferros que foram retorcidos durante o desmoronamento para criar a obra, resultado de um trabalho de "endireitamento" de 164 toneladas de barras de ferro e que consumiu quatro anos de produção (2008-12).

(Detalhe de uma parte da obra Straight  - Foto Getty Images)

Durante alguns anos, ele mesmo não conseguiu participar de suas próprias exposições porque se transformou em "persona non grata" e, por isso, foi preso e acompanhado de perto por muitos anos pelas autoridades chinesas. Sua genialidade aflorou depois das atrocidades que sofreu.

Na obra "Dropping a Han Dynasty Urn" (1995), Weiwei preparou sua câmera fotográfica para movimentos de alta velocidade e se posicionou diante das lentes, largando de suas mãos um vaso chinês milenar de mais de 2.000 anos, em um ato extremamente político. Dizem que outros oito vasos milenares estavam separados para serem quebrados, caso a máquina não fosse capaz de acompanhar a queda na primeira sequência de imagens. Essa obra é mais um jogo de metalinguagem que está sempre presente em seu trabalho, orientado para questionar a cultura chinesa, cuja ideia do falso é mais valiosa do que a do original.

No Brasil, o então artista, produziu "Raiz", um conjunto de esculturas que reproduzem as raízes de Pequi-Vinagreiro, uma árvore praticamente extinta apesar de ter condições de viver por até 1.200 anos, e criou a instalação "F.O.D.A.", composta por centenas de réplicas de frutas-do-conde, ostras, dendês e abacaxis.

Oca exibiu uma de suas maiores retrospectivas. A obra "Forever Bicycles" reuniu em uma mega escultura com 1.254 bicicletas para questionar o modelo de trabalho na China. Com "Low of the Journey", reproduziu um barco de refugiados e que chegou a ser colocado no lago do Parque do Ibirapuera, gerando muito trânsito e olhares curiosos de todos que por ali passavam.

(Detalhe de uma parte da exposição Forever Bicycles  - Foto Getty Images)

As obras de Weiwei são uma coletânea de suas próprias experiências de vida. Seu pai era poeta e foi denunciado durante o Movimento Anti-Direitista. Em 1958, a família foi enviada para um campo de trabalho quando ele tinha apenas um ano de idade. Depois, foi exilada em Shihezi, uma província na qual viveram por 16 anos. A família só conseguiu retornar para Pequim em 1976, após a morte de Mao Zedong e o fim da Revolução Cultural. Ele estudou animação na Academia de Cinema e foi um dos fundadores de um grupo de arte de vanguarda.

Weiwei fez parte da primeira geração de chineses que conseguiu estudar nos Estados Unidos. Foi lá que se apaixonou por poesia a partir do olhar do amigo Allen Ginsberg, começou a fotografar e a seguir os passos de Marcel Duchamp para criar arte conceitual, alterando objetos prontos. 

Voltou para a China em 1993, quando seu pai adoeceu. Logo depois, construiu uma bela casa-estúdio para acomodar suas produções. Começou a ganhar outros grandes inimigos em 2005, com sua intensa atividade como blogueiro da maior plataforma de Internet da China. Em 2009, foi espancado pela polícia por tentar defender um amigo e acabou sendo operado às pressas por causa de um grave sangramento interno em sua cabeça. Fez documentários polêmicos e ficou em prisão domiciliar em 2010.

Hoje, com o surgimento da pandemia, o artista declarou que: "O vírus se propagou devido à falta de transparência do governo chinês. A China ocultou a verdade"

Conheça mais sobre Ai Weiwei clicando aqui e visitando seu site .